27 setembro 2007

O pintor de Letreiros (revisitado)

Quem leu (ou ouviu) o conto "O Pintor de Letreiros" que aqui em tempos publiquei, saberá que a história acaba mal com a morte do personagem principal. Pois, docentes de Português do Ensino Secundário agarraram no texto que serviu de base a um teste de diagnóstico de língua portuguesa e submeteram-no aos alunos. Uma das alíneas do enunciado, desafiava o aluno a alterar o final da história e a dar-lhe um desfecho diferente. Algumas das respostas obtidas poderão ser lidas abaixo:

"Depois parou, olhou o tecto e as traves do telhado em pormenor. Procurou num baú antigo uma corda grossa e uma tábua. Logo de seguida encontrou o berbequim e fez dois buracos em cada ponta da tábua. Passados dez minutos tinha construído um baloiço para o seu neto brincar."

"Depois parou, olhou o tecto e as traves do telhado em pormenor. Observou que havia na oficina um computador que o neto havia posto de lado, saiu de casa, sentou-se na motoreta e foi comprar um livro "Como trabalhar com um computador" e leu o livro toda a noite. No outro dia olhou para o neto e mostrou-lhe as letras que tinha feito com várias cores e feitios e sombreados, como nunca tinha visto, foi falar depois com o dono do café e mostrou-lhe o seu trabalho, o sr. Agostinho adorou, disse logo com essa idade ainda não perdeste o jeito e pediu-lhe que fizesse um letreiro para o seu toldo e assim
que as pessoas viram aquilo também quiseram e inventou mais sombreados e cores e todos lhe encomendavam trabalhos. Um dia o pobre coitado depois de muito trabalhar adormeceu para sempre em frente ao velho computador que o tinha feito continuar no mundo das letras"

"Depois parou, olhou o tecto e as traves do telhado em pormenor. Pensou em enforcar-se mas não teve coragem e foi a correr pedir ao neto que o ensinasse a trabalhar com o computador e assim tentou começar uma nova vida de publicista."

"Depois parou, olhou o tecto e as traves do telhado em pormenor. Enquanto reparava no que fizera passou um grupo de crianças que ficaram admiradas com o seu trabalho e pediram-lhe que as ensinasse a pintar assim uma obra de arte mas do ponto de vista das crianças. Acabou o resto dos seus dias a ensinar crianças, incluindo o seu próprio neto"

"Depois parou, olhou o tecto e as traves do telhado em pormenor. Ele sabia que tinha talento mas não conseguia competir com o computador. No regresso a casa ia vendo as pinturas que sabia que não se podiam comparar com as suas, ele não gostava de ter sido superado mas era algo que tinha que perceber por isso tomou uma decisão: ia deixar de pintar."

"Depois parou, olhou o tecto e as traves do telhado em pormenor. ao ver que a arte que o tornara célebre havia sido ultrapassada pela evolução tentou aliar-se à arte que o neto lhe mostrava, acabando por estabelecer com o neto uma aliança de sucesso. Assim aplicando a sua arte nas novas tecnologias conseguiu manter um pouco do seu orgulho e aplicar a sua arte com o futuro."

12 comentários:

Anónimo disse...

Não há mais? Se houver agradecemos. Não é bom, é EXCELENTE!

Hesed disse...

Gosto especialmente do primeiro final...

Hesed disse...

Que tal mais uma votação?

Anónimo disse...

Se me for permitido escolher..... o 4º final é fabuloso, sem desprimor para os demais...

Anónimo disse...

Esta história é excelente! Mas o fim trágico da corda no pescoço também a mim me pareceu pesado, quando a li e ouvi pela primeira vez.
Conheci alguns tipos assim...que terminaram resignados

Esta história está recheada de pormenores encantadores. Então aquele de "pintar as vírgulas e recuar para ver a obra" é emblemático.

cristina amil disse...

O primeiro final é, para mim, uma delicia!

Nêspera disse...

Primeiro, primeiro!

Ana Ferreira disse...

Também prefiro o primeiro :)

Anónimo disse...

O mais realista é, sem dúvida, o terceiro!

Anónimo disse...

oops! contei mal!
Rectifico:
O mais realista, sem dúvida, é o quinto!

Luís Maia disse...

Não consigo resistir a acrescentar


Acabou o resto dos seus dias a ensinar crianças, incluindo o seu próprio neto"

...lamentando o dia em decidiu não se ter enforcado.

Pedro Aniceto disse...

LOL