13 novembro 2007

Loucura

Nos últimos dias quis o destino que tivesse de lidar de perto com três, logo três, casos de loucura e alienação. Ninguém está preparado para uma coisa destas. Ninguém! Um dos casos, um utilizador que está fortíssimamente medicado e cuja capacidade compreensão está portanto muitíssimo afectada, insiste, louvável e meritoriamente, em levar uma vida tecnológica normal, tentando executar as rotinas diárias que todos somos capazes de executar sem qualquer ajuda. Quase por compaixão tenho-o tentado acompanhar quando quase toda a gente foge de tamanha tormenta. Com as capacidades cognitivas absolutamente embotadas pela química, é um milagre de paciência e treino tentar levá-lo, telefónica ou pessoalmente a cumprir uma tarefa básica. Sinto-me espremido e exausto ao fim de 45 minutos de um dado objectivo. É um trabalho meticuloso, o de repetir mil vezes as mesmas palavras e tentar, qual Kasparov, prever por antecipação todos os erros e desvios possíveis. E credo, como é complicado tentar prever um erro quando as encruzilhadas decisórias de uma aplicação se abrem em leque à nossa frente. Pedagogicamente é um exercício belíssimo, mas humanamente é um rolo compressor... Hoje terminei vazio uma das sessões, um pequeno encontro para o download e instalação de um driver. Quando finalmente terminei, deixei-me cair no banco do automóvel, disposto a tentar uns minutos de paz interior. No rádio, Mariza cantava o "Fado Loucura" e dei pelas lágrimas a escaparem-se-me pela cara abaixo.

4 comentários:

Anónimo disse...

..............

Anónimo disse...

"Um _ ao cabo da terra
Outro _ para além dela
Ambos _ a dimensão
Do homem e duma estrela"




grande abraço

ana v. disse...

Estou a ler os posts em sentido inverso, e não posso deixar de ligar este ao dos centros comerciais. Mais um indicador da alienação em que estamos todos a ficar apanhados. Preocupante.

Anónimo disse...

Isto é que chamo saturação.

Tomada de consciência de falta de resistência para lidar com algumas situações.

Como diria em dia difícil, o Senhor meu Marido:
- Já não é qualquer coisa que chateia, mas as que chateiam, chateiam muito.