12 dezembro 2007

A origem das expressões

"Levas um estalo que vais a nove" é uma expressão tipicamente lisboeta (embora já a tenha ouvido noutras zonas do país). "Ir a nove" é exactamente o mesmo que "Ir na bisga", "Ir na gáspea", "Ir na gazua" ou simplesmente ir muito depressa. O origem do termo é creditada aos carros eléctricos da Companhia Carris, cujo comando original da American Tramways - actualmente quase desaparecido mas que muitos lisboetas conheceram durante décadas - era composto por um punho/manivela em metal cromado e terminado numa maçaneta redonda em madeira que tinha um indicador de velocidade numa escala de nove pontos (as pequenas "lágrimas" que estavam dispostas em semi-círculo no topo da caixa de comando). O nono ponto assinalava a relação máxima de transmissão e consequentemente a maior velocidade que o guarda-freio (Quem conversa com o guarda-freio torna-se moralmente responsável pelos desastres motivados por distracção!) - sempre quis meter esta frase num post mas nunca tinha conseguido, helás, até que enfim! - dizia eu, que o guarda-freio podia imprimir ao carro eléctrico.

7 comentários:

botinhas disse...

Os amarelos da carris nunca mais foram os mesmos depois das transformações que lhes fizeram. Os turistas continuam a adorar, mas para mim, desde que tiraram a correia de couro para tocar a sineta indicando ao guarda-freio que queria sair na próxima paragem, nunca mais foi a mesma coisa andar no 28...

Anónimo disse...

Levou um estalo e foi a 99.

O meu pai contou-me uma da minha falecida avozinha, pessoa um pouco (muito) forte, que, ao pretender subir para um carro eléctrico, foi "ajudada" por um sujeito que se aproveitou da estrutura do traseiro pondo-lhe as mãos no mesmo para melhor permitir a subida dos degraus que sempre foram muito altos.
A Dona Rosalina, uma vez chegada à cabina, deixou passar o sujeito à sua frente e, sem mais delongas, pregou-lhe uma cachaçada de tal ordem que o mesmo foi bater com as bentas na porta da frente do carro perante o delírio total dos utentes.

Anónimo disse...

Oh super bock...então interrompe assim a cunbersa?

Pedro Aniceto disse...

Um dia destes ainda escrevo sobre o que penso desse concurso da Super Bock...

kincas disse...

O Aniceto é mais Sagres.
E com esta lembrei-me da anedota do outro em que a Super Bock lhe fazia doer o rabo.

Anónimo disse...

Estimado Pedro Aniceto: durante mais de 20 anos da minha juventude, usei no eléctrico da Carreira 28, para ir a casa da minha avozinha que morava nas Escolas Gerais (onde pontuavam dois sinaleiros que, metidos numas guaritas de soldados sentinelas com umas raquetes, iam avisando quem subia e quem descia, dando prioridade a uns sobre outros).

E isto vem à conversa porque a minha avó é que usava o termo "ir a nove". Por tudo e por nada, ela dizia a mim e aos outros netos, quando a coisa ia torta, que dali a pouco algum de nós estava a ir a nove.

Apesar dos muitos anos que andei de eléctrico, só me lembro de "ir a nove" na carreira para a Cruz Quebrada que passava por Belém, na zona da 24 de Junho, e depois da meia-noite.

Ora, e graças ao seu post, cinquenta anos depois fiquei a saber o porquê de ir a nove - o meu muito OBRIGADO.

Digo eu...


Saloio

Pedro Aniceto disse...

Companheiro Saloio, fico contente por ter ajudado. Também eu fui muitas vezes avisado sobre o risco que corria de "ir a nove" e também levei alguns anos a entender completamente o sentido! Abraço