22 julho 2008

À morte não se pede que assinale

Na passada Quinta-Feira viajei por estrada para o Porto atormentado pela notícia brutal do desaparecimento trágico, nesse mesmo dia, de um vizinho. Uma ultrapassagem mal calculada, o choque frontal com um veículo pesado e a notícia a engrossar, desabrida, as estradas da informação. Sempre tive temor por ultrapassagens in-extremis, minhas ou de outros e apesar de alguma experiência ao volante sempre considerei esse o momento mais delicado do factor de decisão de um condutor. Hoje, quase por mera casualidade, embora haja casualidades providenciais, pude escutar o relato testemunhal de alguém que sabia os pormenores. Nada mais trivial no nosso dia a dia de volante. Uma ultrapassagem iniciada e logo a seguir abortada, o refúgio na traseira daquele a quem queríamos ultrapassar e sem explicação, sem que haja uma única razão que conheçamos como válida, o regresso à faixa contrária onde o perigo que espreitamos ainda não se desvaneceu para se consumar a tragédia. Ninguém no seu juízo perfeito e são se esquece do perigo que o obrigou a interromper a manobra. Não é válido que assim seja. O relatório de polícia não o diz mas quase se adivinha um esforço brutal de travagem, uma fuga de frente para o lado errado da faixa. Lembrei-me disto.

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