01 janeiro 2010
Foi para o céu
C. tem quatro anos e os adultos às crianças com esta idade têm tendência para metaforizar alguns aspectos e conceitos mais duros da vida. Tendemos a suavizar o que é brutal ou muito duro e a camuflar as palavras em roupagens mais suaves. Como é o caso da morte física. A C. foi explicado que um determinado cão "foi para o céu". E C. parecia ouvir atenta e confiantemente a explicação, feita em palavras e frases doces, por forma a fazer passar a mensagem sem causar nenhum tipo de angústia. Parecia funcionar, C. parecia alinhar no jogo viciado dos adultos. Mas durou muito pouco o encantamento. "Tu tens outro cão, não é?". Que sim, que era, assentimos. "E esse também vai morrer, não vai?"
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3 comentários:
E só das crianças tu ouves aquilo que os outros adultos pensam sobre ti, mas não são capazes de te dizer.
Aqui foi igual, mas bem mais difícil, só porque não foi um cão e porque tinha seis anos, e porque também foi para o céu, mas os silêncios custaram mais...
Gato.
faz lembrar aquele petiz a perguntar à mãe de onde vinham os bebés. A mãe, em onda metafórica, diz: são as cegonhas que os trazem, meu rico filho. O petiz prontamente pergunta: tá bem mãe, mas quem é que fo*e as cegonhas???
Uma pergunta muito filosófica, a do petiz. Já lá dizia o Buda, na sua primeira verdade: Tudo é transitório. Todas as coisa compostas são impermanentes.
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