Maçãs direitas por linhas tortas

Quando me apercebi da mancha no escaparate e se me instalou a dúvida, no final de um agitado e intenso dia de trabalho, pensei para comigo e para com os comigos de mim que era fruto da minha pouca acuidade visual. Que não, que não era possível que um título de imprensa utilizasse de forma que até a mim (o tipo suspeito) me pareceu exagerada, uma mancha gráfica de um logótipo que já foi de uma marca e que de tão velho, tão obsoleto, foi já banido pelo próprio fabricante o seu uso. Ele há coisas que nunca mudam, a maioria dos decisores de imprensa têm uma diferença religiosa profunda para com as marcas, eles acham que são Deus, as próprias marcas tendem a achar o contrário e vai daí vamos lá pespegar um símbolo que até tem algum (muito) awareness que é capaz de por si só vender mais alguns quilos de papel. Seja! A ironia deste processo é que, enquanto eu negociava uma relação difícil entre o meu nariz e o bordo da chávena de café que na altura ingeria, olhei de novo o escaparate e algo me chamou de novo a atenção. Lado a lado, dois exemplares do mesmo título de imprensa (dita) especializada, similares em quase tudo o que os meus pobres e fracos olhos me permitiam lobrigar, mas ainda assim com assinaláveis diferenças. Foquei o olhar nas capas e desinteressei-me da bica. Interroguei-me se o mercado de consumo português já estava a entrar pela impressão digital de capas diferentes para o mesmo conteúdo. Nahhhh! Não pode ser. Pedi para ver os tomos de perto. Ali estavam, dois exemplares diferentes, um com o logo errado e outra com o signo certo. As capas conseguiram confundir-me por poucos segundos. Sorri. Sorri, para espanto de quem me observava e não deixei de me alegrar com a ironia de um erro tipográfico em que a inserção de cor falhou e devolveu à capa o logótipo que sempre lá deveria ter figurado. Ele há coisas...

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