18 maio 2007

A galinha da vizinha é mais branca que a minha

Conselho: Não compre uma casa branca. Porque depois a generalidade do que rodeia a casa tenderá a ser branco (de início, claro), com portadas, muros, portões e outras despesas das quais você somente se aperceberá quando tiverem passado alguns anos... Para piorar, tendo você uma casa branca (de início, claro), as casas que rodeiam a sua tenderão também a ser brancas, sobretudo se as casas dos seus vizinhos tiverem a mesma raiz arquitectónica (não se aplica se for um bairro feito por Tomás Taveira, ou a Zona J em Chelas...). E chegará inevitavelmente o dia em que todos os seus vizinhos, quem sabe movidos por um estranho sinal que você insistirá em não ouvir, começarão a olhar para os seus (deles) muros, portadas, portões e demais coisas que em tempo foram brancas e torcerão, cada um a seu tempo, é certo, narizes e orelhas, arrebitando dedos e pronunciando onomatopeias maioritariamente começadas por "Humm"". E nisto, neste preciso instante, agorinha mesmo, que me caia aqui uma coisa em cima do imaculado branco desta página se isto não for verdade, é que começam os seus problemas! Um dia há um que abre um escadote, outro dia um outro que puxa da trincha e você vai perceber que o seu branco que já não é branco faz tempo, mas que ainda fazia mais um anito, é uma mistura agonizante de escalas de cinzento que o começam verdadeiramente a incomodar. E se você não se despachar, vai uma destas tórridas tardes chegar à rua, ver os seus vizinhos dando largas à sua criatividade pictórica, deixando os seus muros e portões à beira da vergonha absoluta e sufocante. Depois não digam que não vos avisei. Vou ali, tenho um encontro marcado com duas cervejas geladérrimas e uma lata de Hammerite branco.

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