21 março 2008

Exemplos

Tenho um amigo cuja carreira docente terminou no dia em que foi cuspido (!) por um pirralho que não tinha ainda cara para levar um estalo. Talvez por isso tenha sobrado para J. o estalo e meio que não couberam na cara do atrevido cujo castigo (if any) nunca conheci. Quando ontem vi as imagens de violência sobre uma professora e escutei as palavras dos muitos opinadores mediáticos, todos muito preocupados em descobrir a origem deste estado de coisas pensei que talvez empregassem melhor o tempinho em procurar por-lhe fim exemplarmente. Era assim que funcionava antes, ainda no tempo em que ninguém se traumatizava como hoje parece acontecer.

23 comentários:

Anónimo disse...

Eu traumatizava-lhe a bentas... E ela aqui tão perto...

r. disse...

E se o dito fosse um iphone?? hum? Quem é que era a agressora Pedro?

Agora um pouco mais a sério, o que me enojou nisto tudo foi mais a atitude de alguns alunos do que propriamente dos intervenientes.

Sinceramente, acho que nenhuma delas, professora e aluna, agiram correctamente. A professora nunca deveria ter tirado o telemóvel a uma aluna com cerca de 14/15 anos. Se estava a incomodar deveria ter sido posta imediatamente na rua e ponto final. Claro que condeno veemente a atitude da aluna, mas como disse, a atitude global dos colegas e sobretudo do monstro que estava a gravar é repugnante. Repugnante.

m.camilo disse...

Pergunto-me se a aluna faria o que fez na sua casa perante os progenitores. E ao levar o estaladão que, com certeza, lhe seria muitíssimo bem aplicado, a quem se iria queixar?

382 U disse...

Vou lançar mais uma acha para a fogueira:
O telemóvel era da professora...

Agora a sério. Segundo li no jornal (e para contrariar a tese bem intencionada do Camilo), a mãe da menina foi chamada à escola (e ao directivo) tendo tentado agredir o presidente do CD...

Só mais uma coisita (prá r.): segundo o estatuto do aluno (ou lá o que é), é proibido levar telemóveis (penso que à vista) para dentro das salas de aulas (o que por acaso não me parece mal).

Ana Ferreira disse...

Lei n.º 3/2008 - Diário da República, 1.ª série — N.º 13 — 18 de Janeiro de 2008 artigo 15 alínea q) Não transportar quaisquer materiais, equipamentos
tecnológicos, instrumentos ou engenhos, passíveis de,
objectivamente, perturbarem o normal funcionamento
das actividades lectivas, ou poderem causar danos físicos ou morais aos alunos ou a terceiros;

Camilo não te esqueças que a educação começa em casa, quer dizer começava...

Anónimo disse...

Fui expulsa por estar a assobiar! Estava de costas para a porta e entrou a professora para iniciar a aula.

filipe m. disse...

r.: mas tu achas mesmo que hoje em dia é possível pôr alunos na rua sem ter que preencher 243 formulários e justificar as acções perante toda a escola, conselho executivo, esquadra da PSP mais próxima, tesouraria da fazenda pública e gabinete da presidência da república? Mais vale deixá-los na sala a fazer figuras tristes...

Anónimo disse...

Há um pormenor que curiosamente ainda não ouvei ninguém comentar na TV: a dependência que a juventude está a desenvolver em relação aos gadjets (telemóveis, leitores de mp3, consoloas de jogos portáteis, etc). Seria certamente um tema interessante a discutir.

Cumprimentos e bons posts!

Pedro Aniceto disse...

No meu tempo ir para o olho da rua era pelo método Simplex...

m.camilo disse...

"a dependência que a juventude está a desenvolver em relação aos gadjets"...
Dentro de muito pouco tempo um objecto muito útil (para alguns) e conheço um que já cabe dentro de um envelope A3 será também um gadget?
O problema passa pela educação e formação desde a primária com respectivo acompanhamento familiar, se for caso disso, e escolas especiais de ensino se necessário. A marmanjona, pelo que ouvi, já tem 19 anos e ainda continua no Carolina, pergunto eu, a fazer o quê?

Nêspera disse...

O problema é que se a menina estivesse na sua casa, perante os progenitores, a professora ainda teria levado um par de estalos. Neste mesmo blog encontramos uma clara demonstração disso:
http://caoepulgas.blogspot.com/2007/12/depois-queixem-se.html

francisco feijó delgado disse...

a nêspera pôs o dedo na ferida. eu nem os meus pais trato por tu. Não estou a dizer que é preciso dirigir-me assim aos pais para demonstrar respeito, mas hoje em dia o respeito é coisa que não existe.

A excessiva protecção dos filhos é um dos problemas; outro é a cada vez maior desresponsabilização na sociedade e a perda do respeito é um desses sinais.

E é essa desresponsabilização que é preocupante na educação, mais do que avaliações de professores etc, etc. A filosofia do somos todos iguais está errada: temos todos os mesmos direitos, mas somos todos diferentes. Não se trata um professor como se lida com o colega.

blimunda sete luas disse...

Ah! Haja alguém que também considere um bom par de estalos uma opção razoável.

19 anos? Pois, a mim também me pareceu que a menina já era uma grande cavalona...

Isto chocou-me bastante, também escrevi sobre o assunto, e concordo totalmente com a r., a atitude dos outros colegas foi também o que mais me constrangeu.

Ricardo Ramalho disse...

Os 'miúdos' confundem liberdade com libertinagem... Os miúdos não, os pais! Porque eles são o espelho da não-educação.

Eu, hoje com 31 anos, se fizesse 10% daquilo que se vê naquele vídeo, tinha levado uma carga de porrada que não me mexia...

Sinceramente, era o necessário aqui. Os pais não têm tempo, não querem ter tempo, são claramente egoístas. A chave está na família... e deixemos as palavrinhas mansas, mais vale dizer - alguma repressão é necessária.

Eu levei porrada quando fazia m*rda, e estou aqui sem traumas.

Abraço!

Anónimo disse...

Se fosse EU, teria expulsado a Turma Inteira!!!

kincas disse...

Tive para fazer um post sobre esta situação, mas .....

Apenas quero deixar aqui o meu ponto de vista.
Para se ser respeitado tem de se dar ao respeito.
Neste caso (e sublinho), neste caso.
A professora não tinha nada de "alimentar" aquele circo. E ainda pior é que nada fez depois. Apenas quando veio nos jornais é que apresentou queixa.
Depois vêm-se queixar que isto e mais aquilo.
Ou enfiava logo um par de estalos e resolvia logo ali a questão ou dava a porcaria do telele é "nina" e abria-lhe a porta da rua. Seguida da respectiva participação.

r. disse...

Concordo Kincas. Se lhe tivesse dado logo a porcaria do telemóvel e aberto a porta da rua teria sido muito mais simples. O pior é que depois era a palavra daqueles marmanjões todos contra a professora, e nunca teria sido posta a prova em vídeo no youtube.
Passará a segurança pela instalação de camaras em todas as salas de aula? Não sei... Mas gostava de saber o que está por trás deste tipo de comportamento numa boa parte da juventude de hoje. Penso que é como já alguém disse, a desresponsabilização parental e excesso de protecção. Hoje em dia não ouço um pai a dizer ao filho "Vais para casa do Pedro, mas se te portas mal levas um par de estalos" mas sim " Vais para casa do Pedro, se alguém te levantar a voz leva um par de murros".
Mas pronto... desculpem lá. Também tenho 31 anos, e também me lembro que por muito endiabrada que fosse, nunca faltava ao respeito a ninguém. Nem eu nem nenhum dos meus colegas. Se isto se passasse com algum colega ele era automáticamente excluído do círculo social.
Já me voluntariei para dar formação a ex-presidiários, ex-toxicodependentes, e afins, e o comportamento estava bem longe deste.

filipe m. disse...

Mas pronto... desculpem lá. Também tenho 31 anos, e também me lembro que por muito endiabrada que fosse, nunca faltava ao respeito a ninguém. Nem eu nem nenhum dos meus colegas.

Eu só pergunto onde é que anda a esta hora o senhor que teve a infeliz ideia de nos apelidar de Geração Rasca...

r. disse...

Como já li algures... acho que é mais geração do desern"rasca"...
Mas gostava muito de saber quem foi o gajo... gostava.

kincas disse...

Pois....
Provavelmente terá de se começar por distribuir um valentes estalos aos pais.

Anónimo disse...

Há uns dois meses, tive que telefonar, mais uma vez , aos meus vizinhos a lembrar que era uma da manhã e precisava de descansar.
As crianças não paravam de gritar e brincavam como se fosse uma da tarde.
Telefonei para o telemóvel do pai. Resposta: só tem duas soluções, ou muda de prédio ou chama a polícia. Como o som de fundo era de bar ou discoteca, depreendi que as crianças estavam entregues aos avós. Apesar da resposta anterior, telefonei para casa dos avós. São hiperactivos! Caraças agora há nomes científicos para tudo? Então é normal as crianças estarem acordadas àquela hora? Se são hiperactivas não deviam ter outras regras? E é assim que andam muitas crianças a ser educadas. Entregues aos avós, sem horas nem regras!

Fred disse...

Apesar das muitas respostas por aqui colocadas, e inclusive muitos incentivos aos estalos educadores, eu sinceramente sou contra esta última alternativa. Até pela idade dos miúdos, para quem se lhes ensina "epah, quando há problemas ou asneiras resolve-se à estalada!". Isso era por exemplo o problema de alguns dos meus colegas mais rufias, que eram os que mais apanhavam em casa, e por esse hábito eram os que menos temiam essas repreensões…!
Acho também uma asneira e vergonhoso o método castrador como os professores são obrigados a lidar com qualquer problema na escola, em que para empurrar os alunos para fora com o 9º ano é tudo fácil e apoiado, e que as reprovações, repreensões, etc sejam um processo mais complicado do que a paz na palestina…!
É claro que a aluna deste caso deve ser um exemplo, porque não deixa de ser uma anormal (porventura comum, mas não deixa de ser anormal). Mas não se pode de modo algum esquecer o que a kincas disse, que a professora não agiu de maneira minimamente correcta (no meu tempo, caso inimaginavelmente houvesse situação como esta, a professora sairia e haveria falta colectiva…!isto depois de esgotada a hipótese de expulsar a aluna…).
E não nos podemos todos esquecer de que o problema está nos pais não saberem educar os filhos… pais esses educados com os seus devidos tabefes e palmadas…! Pais esses que alguns são ou foram professores…!
Uma coisa é certa: não foram os professores que me educaram boas maneiras e posturas a mim, e não serão eles a educar os meus filhos!

Satri disse...

Ora cá está um caso de polémicas.

Afinal a menina em causa tem 15 anos e vai ser julgada em tribunal de menores (não acredito que sai grande coisa dalí).
Se ela fosse maior de idade (ou tivesse no minimo 16 anos)o estatuto permitiria que fosse expulsa da escola com o ano reprovado.

Resolver as coisas à estalada não, mas a "palmada" do respeito nunca fez mal a ninguém.
Não tenho 31, mas tenho 30 (ehehehe) e cheguei a levar com alguns paus de giz na cabeça quando importunava alguma coisa nas aulas. Excepcionalmente ao invés do giz, uma vez uma apagador razou-me a cabeça (e quando digo apagador é daqueles de madeira, não dos de plastico).
O respeito começa em casa, mas a escola (quando lá andava) tb a considerava casa (a 2ª casa), o que acontece hoje em dia é que os professores não podem, nem devem fazer nada (imposto por altas instancias). ÎSto pq se fizerem, os paizinho vêm logo com a conversa de que quem manda são eles e os professores só ali estam para despejar materia. Educadores???? Aonde essa palavra já vai.....

@ Binha
O pai/vizinho que me respondesse essas duas coisinhas... garanto que só diria isso uma vez.

Não sou pai e acredito que com os dias que correm, não está facil educar, ter muito tempo para a familia.
Mas se hoje se consegue fazer sacrificios para se ter um bom carro, uma boa casa... porque não fazer o maior sacrifio de todos e ter uma boa familia???

Abrço a todos