18 setembro 2008
Oh rama, oh que linda rama
Ouvi dizer, li, vi, não sei onde, em quê ou através de; é a história da minha vida a de absorver informação e guardá-la em caixotes da e na memória para mais tarde organizar sem que isso alguma vez aconteça, dizia eu soube, não sei bem onde, há-de estar num desses caixotes de que falei, para aí empilhados, que Lisboa está cheia de agricultores que nunca o foram, gente que foi transplantada para a grande cidade sem que a vocação da terra pegasse de estaca, que assumamos ser tarefa d'obra no empedrado das calçadas. E se isso era absolutamente verdade há cinquenta anos, é-o agora menos, que as ondas do tempo têm feito os seus estragos na muralha dos lavradores, que deixaram as alfaias embotar, os cabos apodrecer, os cestos cujos fundos se foram desprendendo ao mesmo tempo que um sarro lhes ia embaciando o brilho do olhar quando de mão em pala olham embevecidamente as avenidas ao amanhecer. Mas ainda há lavradores no asfalto e no cimento. Só assim consigo entender que eu mesmo tenha parado a minha marcha numa alameda de Lisboa, pasmado com a magreza da azeitona que teima em crescer entre automóveis.
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1 comentário:
Gosto desses seus passeios...
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