10 junho 2013

Come back haunted

Não é a primeira vez que vejo este filme. O pai, disposto a colocar a filha no altar e a jurar a quem o ouve que aqueles dezasseis anos são a personificação da inocência, da pureza, da virginal criatura que ajudou a botar no mundo. "Conheço-a como a palma das minhas mãos! Nunca conheceu homem, malandro algum, ela é escola para casa e casa para a escola". Eu já vi este filme e não é minha missão terrena andar por aí a desmentir pessoas, por mais sonsas que me possam parecer. Sobretudo se tiverem dois metros de altura e umas mãos como raquetas de ténis. "Foi preciso um grande azar... Um galo do caraças". Ali, neste preciso e exacto ponto, tremi. Eu sabia que teríamos em cada história um momento suspenso de uma palavra e aqui está ele, veio quem sabe cedo em demasia."Ofereci-lhe um telefone! Um smartphone, e tive azar, vinha avariado". Eu também já vi este filme. Mais tarde ou mais cedo chegaríamos a este assunto e estará também explicado para todo o sempre porque é que histórias à partida suficientemente preversas para ganharem vida, medrarem e botarem corpo, sobretudo este, que tende a enganar os mais incautos e a provocar grandes surpresas quando um homem, por mais avisado que possa ser, as não espera, dizia eu, que me deixei embalar na trama e no enredo, estará explicado porque é que quando cuspo para o ar, levo invariavelmente com os pingos em cima.

"É por isso, Senhor Pedro, que lhe pedia que lhe desse uma vista de olhos". Eu sabia, piadas à parte, que haveria de chegar a minha vez de lhe dar uma vista de olhos. Ao smartphone, seus labregos.

E é espantoso como em 45 segundos um tipo sabe mais do que um pai em dezasseis anos. Deve ser isto a que chamam a pegada digital.

Sem comentários: