C. morreu. Em condições normais manteria o C., sendo que a morte é imutável e de boas intenções tem o Purgatório uma fila apreciável. Mas não são condições normais. O Carlos morreu.
A família decidiu, bem ou mal, decidiu. Que não haveria câmara ardente, missa ou outra cerimónia daquelas em que já poucos acreditam firmemente. Quis o acaso que eu fosse o primeiro da família na porta da capela onde, abrigados da chuva já estava casualmente uma família de ciganos no exacto momento em que o féretro chegou ao local. Assim que o carro se acercou, o mais velho descobriu-se num gesto que tanto podia ser de temor como de respeito.
O patriarca, levou a mão ao chapéu que esmagou contra o peito e rezou ali mesmo, na cantilena entoada pelo arrastar das últimas sílabas abertas uma Avé Maria que acompanhei mentalmente.
Sorri. Não pude deixar de pensar na ironia. O Carlos morreu. Ele acharia graça, estou certo.
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