Pai e filho desciam vagarosamente a escadaria da bancada com o jogo ainda por acabar. Uma olhadela ao relvado de quando em vez e apenas quando o volume do bruá o aconselhava e pré anunciava um milagre, uma esperança no debelar da dor, para logo de seguida baixar os olhos para os degraus íngremes. O miúdo, de cachecol amarfanhado à volta do pescoço, tinha algumas lágrimas nos olhos a misturarem-se com gotas de chuva. Percebia-se que por ele ficaria ali, quem sabe se para sempre. Mas o reboque do pai, entre o nervoso e o zangado, não o iria permitir. "Oh pai, porque é que perdemos?". Faço-lhe uma festa no cabelo húmido quem sabe se por me apetecer chorar com ele. "É muito chato quando perdemos, pai! O que vale é que a gente depois se esquece..."
29 janeiro 2006
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2 comentários:
Perder não custa. O que custa é a cara com que ficamos.
Eu já sabia pela mãe do pequeno joão que ele me andava a tentar evitar. Mas a pobre alma almoça todos os dias no café da mãe e o reencontro seria inevitavel.
Hoje lá estava! Então João, estás bem disposto?!
- Sim, estou! - respondeu sem tirar os olhos da mesa.
- Viste o jogo do Porto?! Grande enxovalho!
- Pois foi. Mas o Benfica jogou pior! - Disse levantando os seus tristes olhos da mesa.
- Deixa estar. Na próxima semana será melhor. - Rematei ao sentir-me um cobarde a troçar da sua dor clubistica. - Porque não te mudas para o Sporting?
- Porque me daria ainda mais tristezas que o Benfica!
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