27 junho 2006

A rolha

... e foi ao abrir da rolha do frasco, um simples frasco de um perfume de cuja existência nem sabia, que me lembrei de ti. Foi como se ali estivesses, abrindo e fechando gavetas dizendo "Eu iria jurar que sabia onde é que as pus...", comigo a gozar o teu despassaramento e a fingir que as procurava, rodando as chaves no dedo, e o despassaramento a vestir-se num lamento "Oh... Podias ter dito...". Já sei onde te revisitarei sem a culpa fria das lápides. Rodarei as chaves no dedo enquanto penso "Oh, podias ter dito...", Depois, quando te quiser guardar, fecharei o frasco de cuja existência eu não sabia e a tua memória vai, a pouco e pouco desaparecer e espalhar-se pelas nuvens que vejo da janela

1 comentário:

Ana Ferreira disse...

Muito bonito!