18 junho 2009

À procura do tempo perdido

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Por vezes sucedem coisas assim, do nada, do absoluto azul surge um som, uma voz ou umas letras que perguntam "O que é feito de ti?" e há ali um momento da nossa própria dúvida, do nosso interior que tenta recordar o passado num relâmpago e rebobinar tempos e tempos até focar a personagem, isto quando nos lembramos dela. Foi o caso há dias quando o Álvaro Nunes, compincha de escola dos tempos em que éramos todos magros e esbeltos, fartas cabeleiras e ainda mais farta energia, me ter entrado Twitter dentro com a sempiterna questão que de quando em quando nos assalta a nós próprios. Eu lembrava-me dele como se fosse ontem, ele idem, o que não deixa de ser extraordinário porque já passaram trinta e três anos e seguramente mais de quarenta e cinco quilos. Seria incapaz de o reconhecer caso com ele me cruzasse numa rua, mas isto é mesmo assim, ele foi hábil o suficiente para se lembrar de tudo, eu de quase tudo menos do exercício de memória virtual, lembrava-me do local onde morava e apenas mais dois ou três detalhes. Encontrámo-nos, houve ali um desfiar de histórias e inevitavelmente vão-se dobando as meadas, fio aqui, fio ali, e vamos reconstruindo um passado que foi comum no tempo das descobertas e grandes achados. Já nos sucedeu a todos, este é apenas mais um caso dos muitos sobre os quais se nunca escreve. E a isso estaria este condenado se o Álvaro não tivesse, a dado passo, mencionado que reencontrara também quase acidentalmente, a Conceição. E depois, tal como nas cerejas, uma puxa a outra, não me tivesse dito "A Conceição tem uma fotografia da turma em 1976". Esperei uns dias, curioso, pela famosa fotografia. Ei-la! Estão ali dois anos de vida e coisas das quais se foram construindo as minhas memórias de gente. Está ali a minha primeira paixão juvenil, daquelas de suspiro e falta de apetite. Estão ali os compinchas da bola, das cumplicidades, dos lanches e das visitas a casa de cada um. Estão nesta foto as memórias do meu primeiro beijo roubado. Há poucos nomes que eu recorde, embora ainda tenha recuperado alguns (a Conceição tinha um maná deles) e deu-me uma súbita vontade e curiosidade de saber "O que é feito de nós?". Vai haver desencontros de opinião, o Álvaro (e provavelmente a Conceição também), acham que a Professora que lá está ao canto é a Mestra de Francês, do que eu discordo, porque tenho quase a certeza de que era a de Ciências da Natureza (esta sala é no Rés do Chão do Edifício da Marquesa de Alorna) e as aulas de Francês eram no primeiro andar, mas chegaremos a um consenso. Procuraremos as peças do puzzle e disso aqui darei notícia.

3 comentários:

Manela disse...

Aquela farta cabeleira fazia-te falta agora...

Mariozul disse...

Pedro, você é o que está na fila do meio, na última cadeira, certo?

Patricia Lousinha disse...

Tsss, tsss, tsss... ;)