Se duas coisas existem com que o Criador me não brindou, elas foram as artes da dança e da culinária. Danço com a graciosidade de um saco de cimento, cozinho com a certeza de que ninguém morrerá de fome sob os meus auspícios mas nada garanto quanto à restante saúde do desgraçado que por mim tiver de ser alimentado. Mas gosto, e muito, de comer. Não serei um expert, não domino a técnica da amesendação, irrita-me bastante até como já terão percebido os que visitaram o link anterior as manias que se propagam à volta da cozinha. Sou aquilo a que se chama "um bom garfo". Tenho, por isso mesmo, a sorte de ter conhecido ao longo da vida alguns excelentes cozinheiros, daqueles que vemos trabalhar e nos fazem perguntar a nós mesmos "E eu não era capaz de fazer isto, por Toutatis?". A maior parte das vezes não sou, admito que de quando em vez (muito de quando em vez) experimento e me arrependo. João Vasconcelos Costa é um destes casos de excelência na cozinha. Conheci-o como médico investigador, Director de uma das mais prestigiadas instituições da Medicina portuguesa. Conheci-o como pensador, político e activista e aprendi a conhecê-lo como senhor de uma soberba cultura geral e quanto mais o fui conhecendo mais aprendi que o homem podia também vestir outras capas que não as do Magistério, mas podia também ser o pai, o resistente, o lutador e, surpresa, o cozinheiro.
É verdade que zombei desta última qualidade. Zombei dela em silêncio, que o homem, por qualquer estranha razão que nunca expliquei a mim mesmo, não poderia ser estas coisas todas ao mesmo tempo. Enganei-me. Enganei-me completamente e percebi isso no dia em que, a convite do mesmo, me juntei a um grupo dos seus amigos para um jantar em sua casa. Ao fim de poucos minutos estava rendido. Rendido é uma expressão pequenina para o meu estado. Pedi desculpa publicamente por tamanho erro entre garfadas e colheradas de finos e deliciosos manjares.
Sabia-o autor de finíssima e subtil escrita que a leio com regularidade em muitas intervenções que faz na Web, e sabia-o também autor de uma obra escrita sobre comeres, obra que nunca tinha lido até anteontem, livro que devorei (sic) embora a culinária não seja "a minha praia". Que além de cozinhar excelsamente o homem escreve bem para caraças...
Assim, se quer receber um exemplar em PDF da obra "O gosto de bem comer", envie-me um email que eu endereçar-lhe-ei no retorno o dito ficheiro.
02 janeiro 2012
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3 comentários:
Um abraço!
E as favas que detestas, que fiz à velha moda de taberna da minha terra, mas com esmero de confeção paralela para ti de um feijão com os mesmos sabores?Afinal, acabaste por preferir as favas, "se bem me lembro...".
Calma! Fiquei-me pelo feijão. ;)
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