08 julho 2006

E já eram portugueses

...El-Rei partiu de Coimbra uma segunda-feira com as suas tropas, sem as informar do seu destino. Chegados perto de Santarém, com cujos líderes mouros havia um acordo de tréguas, Afonso mandou um emissário à cidade avisar que elas ficavam suspensas por três dias. Era assim a tradição na época: havendo tréguas, era preciso avisar o inimigo, se o queríamos atacar. Isto passou-se na terça-feira, pelo que os mouros fizeram as suas contas: quarta, quinta ou sexta viria um ataque dos cristãos. Como não veio, no sábado foram todos dormir. Afonso Henriques atacou a cidade de Lisboa na noite de sábado para domingo...

9 comentários:

Anónimo disse...

Fica então explicado por que motivo a ministra da cultura não permitiu a abertura do túmulo do rei...afinal a culpa não foi só do IPPAR : com um perfil psicológico desses , como não seria o perfil biológico? Que desagradáveis surpresas nos aguardariam?Assim é melhor.Antes ignorantes que envergonhados.

Anónimo disse...

Para os cristãos seria interessante pensarem que o nosso querido Afonso não "trabalhou" no sétimo dia.

Espero que a guerrilha tenha terminado antes da meia-noite senão ;)...

Pedro Aniceto disse...

O perfil psicológico não era de facto o melhor. Rezam as crónicas que cinco anos antes, na primeira tentativa de tomada da cidade de Lisboa, o Afonso tentou convencer os aliados de ocasião, nomeadamente Vítulo um pirata normando que era "freguês" da costa portuguesa e que de vez em quando fazia uns "cruzeiros" à Terra Santa para engordar os cabedais, dizia eu que Afonso lhe tentou "vender" a existência de um fabuloso tesouro na cidade, cujo saque Afonso lhe concederia em exclusivo. Vítulo teve azar... Cinco anos depois, os cruzados conhecedores da história e das mudanças de opinião de Afonso Henriques, terão mesmo forçado os portugueses a assinar um acordo que não haveria nenhuma "invenção" depois da conquista. Acordo assinado, claro está, não havia nem haveria de haver tesouro algum...

Anónimo disse...

Há coisas que estão na "massa do sangue" de uma nação.Sempre achei que tinhamos começado muito mal...
Desconhecia o fait -divers histórico que aqui nos deixou.Deli(mali)cioso e muito representativo enquanto amostra.

Pedro Aniceto disse...

Estas últimas notícias da tentativa de abertura do túmulo de D.Afonso Henriques fizeram-me ir ler umas coisas. Há muitos episódios com esta criatura que mereciam mais destaque junto do público em geral. O homem, dizem os entendidos era de força e feitio retorcido enamorou-se de Flâmula Gomes, uma "babe" que tinha o azar supremo de ser sobrinha de Fernando Peres de Trava, (o galego amante de sua mãe). Ao que dizem as más línguas, com ela viveu e lhe deu dois filhos. Amores reais impossíveis, porque oficialmente Afonso Henriques casou com uma pobre coitada da Casa de Sabóia, Mafalda de seu nome que tinha dezasseis anos. Casaram em 1146 em Coimbra e teve sete filhos em doze anos, tendo falecido no último parto. (O que eu pagava para saber o que pensaria Afonso Henriques da ideia de ter filhos em Badajoz). Um outro episódio, o da fractura da perna, tem precisamente o seu centro em Badajoz onde Afonso Henriques fora ajudar militarmente um outro "cromo difícil" da História de Portugal, Geraldo Geraldes (O sem pavor). Geraldo, que já teria conseguido ultrapassar a muralha exterior da praça forte, cercava a Alcáçova quando foi surpreendido pela chegada de reforços da coroa leonesa e as tropas foram obrigadas a retirar desordenadamente. Na fuga, Afonso Henriques terá sofrido uma queda e foi capturado (Afonso Henriques teria já sessenta anos de idade) e presente a Fernando II de Leão. Afonso foi libertado após um pagamento de resgate em cash e a devolução de três praças militares (Trujillo, Cáceres e Montanchez). Estaria actualmente bem lixado com a reforma antecipada, pois não mais voltou a montar a cavalo, tendo posto fim às suas célebres incursões militares.

Anónimo disse...

Mas que delícia! Posso também contar uma história para tentar retribuir? O geraldo Geraldes, rapaz Sem Pavor mais tarde veio a dar nome à praça do Geraldo , em Évora. Um dia , no liceu Garcia de Resende , um professor de história colocou a seguinte questão, num teste:"por que motivo a Praça do Geraldo se chama assim?"tendo obtido de um dos alunos a seguinte resposta:
"A praça do Geraldo chama-se Do Geraldo porque é o sítio aqui da nossa cidade onde a gente geralmente se encontra".

Pedro Aniceto disse...

:) Brilhante!

Pedro Aniceto disse...

Das muitas patranhas que me ensinaram, duas há em que nunca descansei de pensar. O pseudo (mais que provável) conhecimento do Brasil antes da sua descoberta oficial e a inacreditável história de Duarte de Almeida, O Decepado. A ideia de um tipo sem mãozinhas com os dentes fincados num mastro de estandarte é algo que ainda hoje me faz rir.

P.S.- De repente deu-me uma branca sobre o nome desta alma e recorri ao Google. Escrevei "O Decepado" e o Google, em plena ironia informática, perguntou-me "Do you mean O DECAPADO?". Ainda me estou a rir...

Anónimo disse...

1-De repente lembrei-me do anúncio da pasta medicinal couto "um artista português", recorda-se?

2-Mas o verdadeiro artista é o Google!